sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Única




Quero de novo
Sentir tudo me tomar.
Na mistura de fôlegos,
Saber o que posso ser,
Saber que posso ter
De novo o que já foi meu.
Sentir-me única,
A última,
O outro ingrediente,
Tudo o que não estava.
Quero mais.
Mais sabor do que vi,
Mais cores do que senti.
Que me abrace depressa,
Me prove devagar,
Me leia com astúcia,
Domine meu pensamento
E me perceba como sou.

Lembranças




Decidi:
Uma música
Vai ser por si só.
O que ela é:
Uma música,
E só.
Essa coisa de música
Enroscar no cabelos,
Segurar na cintura,
Deslizar os dedos pelas costas
E sussurrar no ouvido
Um nome exato...
Não faço ideia.
Nunca ouvi falar.
Decidi que a partir de hoje
Música é instrumento,
Cantor,
Estilo,
Acordes
E lembranças...
Quero dizer,
E lembranças a todo o resto
Que não é música.

Agora






Quero voltar
Refazer
O que nunca soube soldar.
Quero redecidir,
Reconduzir
O que não soube guiar.
Retomar,
Recomeçar
E continuar
Dali mesmo,
De onde deixei.
Ou um pouquinho antes?
Talvez apagar,
Lavar e passar ferro
Em cima das velhas manchas?
Mas quero ficar.
Só sei que quero voltar,
Porque cheguei.
Se estivesse lá,
Depositaria meus desejos
Em algum outro lugar.
Estou onde queria estar.