quarta-feira, 8 de maio de 2013

Eles




A você, que me perdeu,
Que me teve
E me deixou fugir,
Que me viu partir
Sem ao menos saber me beijar:
Levou um pedaço de mim
E não deixou nem pó,
Nem perfume,
Nem olhar.
O seu vazio não enche,
Não incomoda.
O seu cheiro é insípido,
É sem cor.
Você não mora mais em mim.
Seu endereço nunca foi aqui.
Você um dia me coube,
Mas não soube me ter:
Me deixou deslizar,
Escorregar devagar,
Escapar entre seus dedos;
Quando viu, eu não era mais:
Virei areia
Que irrita,
Que não sai da memória
Do sapato que te dei.
Você esqueceu de me amarrar
E me deixou solta demais,
Livre em excesso,
Dona única de mim,
Eu comigo demais.
Você deixou nos meus braços
A lembrança do que poderia,
Mas levou nos seus
Os abraços
Que nunca virão. 

sábado, 4 de maio de 2013

Imprevisto



O que não é pré-visto,
Nem quisto,
Mas ainda assim vem
Causa surpresa
E até incerteza -
Assusta,
Sobressalta,
Mesmo quando é doce,
Purpurina,
E tempo bom.
É imprevisto
É o não esperado:
O calado,
Que de repente grita;
O frio,
Que então aquece;
A pele,
Que arrepia.
O flagrante
Do nosso subconsciente
Que se concretiza
É o não quisto
Mais desejado,
O imprevisto
Mais esperado:
O inverossímil real.