terça-feira, 23 de outubro de 2012

Castelo de areia




Foi lindo
Quando as mãos se acharam
E os olhos se encontraram.
Foi conto de fadas.
Tão cor-de-rosa,
Tão pó de pirlimpimpim.
Castelo de areia.
Se vivia e não se via
Que não seria.
Não foi.
Ela se foi
E um pedaço ficou.
Todo ele ficou,
Construindo castelos.
Sufocada na areia,
Ela perguntou:
“E o coração?”
Ele nem hesitou:
“Vazio”.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Meu




Mas não escuto sua voz,
As palavras não te pertencem:
Quem fala é a distância:
O sussurro do impossível
Te invade,
Te consome,
Te ilude,
Me coloca exatamente ali
Onde eu sempre quis estar.
Nesse lugar que sempre tangi,
Que vislumbrei,
Que tanto desejei
E mereci.
Mas que nunca foi meu.
Jamais me pertenceu
Esse tudo que me oferta
É um insulto,
Uma afronta,
Uma pena.
É o futuro do meu passado,
É o futuro do seu vazio.
Meu lugar não quero mais.
Meu lugar é o recomeço.
Só quero lugar
Que me quiser possuir.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Quebra-cabeça




Será que dá
Pra misturar
Fazer um guisado
E servir quente e temperado?
Não é nada demais,
Nem quero tanto assim,
Só um tiquinho de cada,
No prato,  pra mim.
Os olhos daquele,
As palavras desse,
O cheiro do que estava de passagem.
A segurança daquele de lá,
As mãos desse outro
(e pernas, e braços, e boca...),
A malandragem daquele
Que nunca ficou.
O jeito de me olhar
E de me cuidar
Do que quase não foi
E as mentiras,
Daquele que sabe quem é.
As melhores,
Mais deliciosas,
Bem contadas e tão caprichadas,
Que de tão primorosas
Merecem ser contadas
E recontadas
Porque antes de más,
Eram tão gostosas...