Num outro universo
Não sou essa que estou.
Não choro em demasia,
Ou sorrio sem medidas.
Lá, minha voz não se altera,
Meu caminho não tem curvas,
Minhas surpresas são planejadas
Minha hora é sempre marcada.
Nesse outro universo,
Sou alguém que não sou.
Uma parte que me reconheço
Quando em um bater de asas de borboleta
Entro em metamorfose,
Distancio-me da inconstância,
Da eterna alternância
De quem constantemente sou.
Nesse lugar que não existe,
Afasto-me de mim,
Apago as cores do mundo,
Suprimo meus sonhos.
Ainda assim, viajo para lá:
Isolo meu ser,
Guardo tudo o que tenho,
Protejo-me.
E em um bater de asas de borboleta,
Volto a sonhar.