terça-feira, 30 de julho de 2013

Estrelas



Não tenho pensado
Na cor de seus olhos,
Na textura dos seus cabelos,
Ou no calor dos seus braços.
O aconchego do seu abraço
E seu cheiro inventado
Nem têm estado
Em minha imaginação.
Não, não tenho imaginado
O timbre do seu riso,
O som de sua voz,
Nem o meu silêncio veloz
Quando me tirar do chão,
Sem ao menos em mim tocar.
Nem mesmo tenho pensado
Como o frio 
Já não será vazio
E como o arrepio 
Será consequência de você.
Nada disso passa pela minha cabeça...
Tampouco tenho imaginado
A inveja obscena
Que nascerá nas estrelas
Quando flutuarem acima de nós dois
Só pra observar
Tudo isso que deixo
Pra imaginar depois.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Pressa



Vem sem demora,
Já é hora.
Em mim, agora,
Dentro e fora
Tudo aflora,
Tudo mora
Na vontade
De você.
Vem me chama
Pra dançar
No movimento
Do meu pensamento,
Quero te ver
Balançar
Dentro de mim
Em um ínterim
Sem início,
Sem receio,
Com muito meio
E sem indício
De qualquer fim.
Vem sem freio,
Pés descalços,
Despenteado,
De sobressalto,
Sem relógio.
Traz travesseiro,
Não esquece os braços,
As pernas
Os abraços
Os cheiros,
Os amassos.
Mas não demora,
Porque sua falta
Preenche todo espaço
Que há tanto
E  em todo canto
Só pensa
Em ser seu.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Rumo



Ando,
Procuro,
Vislumbro,
Almejo,
Desejo.
Corro,
Quase morro,
Canso.
Paro,
Desisto
Cedo…
Levanto,
Caminho,
Distraio-me
E destraio-me:
Esbarro,
Resisto.
Insisto.
Não consigo,
Sigo:
Trem descarrilhado,
Cabra-cegas,
Furacão,
Roda-gigante,
Túnel sem luz,
Bilhete sem volta.
A desistência.
A incongruência.
A carência.
A ausência
De mim.
Ando.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Elos





E não é que me vejo
De novo no começo,
Mergulhando nessas vontades,
Me desfazendo de verdades
Que hoje me perturbam?
Acordo e me apanho
Tesa, presa
Num estranho apreço,
Um calor imenso,
Uma vontade de acreditar,
De criar elos,
De quebrar halos.
E de repente me calo:
Aquela voz que não queria,
Que não sabia ser par,
Que dizia tudo isso evitar,
Não tem mais nós,
Não tem vez,
Não tem tez:
Desatou.
Sou a última a saber
O caminho para onde vou.
Sou paradoxal,
Contraditória,
Humana, libertina:
Estou viva.

Bernardo





É que quando você chegou
Eu nasci,
Caí em mim:
Agora sim, eu sei,
Agora entendi
O que é que me aperta por dentro,
Te faz sujeito de todo desejo,
O que dá motivo aos meus sonhos.
Agora que está aqui,
Não preciso mais viver;
Não preciso respirar,
Se não for por você.
Meu risos e minhas dores
São melhores e maiores –
São espelhos de você.
Quero vestir suas lágrimas
E te dar todos meus sorrisos,
Porque agora que você chegou,
Esse amor de improviso
Não cabe em um só coração:
Dentro do meu peito,
Minha anatomia se modificou:
Hoje tenho dois corações
E um novinho como Bê
Abarrotado de amor,
Que nasceu só para você.