Os meus pecados?
São meus.
Estão trancados,
São invisíveis.
Não macularei sua silhueta
Ou pintarei suas faces
Ao desenhá-los a outrem.
Meus pecados têm sabores:
São doces,
Amargos.
São picantes e salgados.
Não são contáveis,
São imensuráveis,
Dissimuláveis,
Indissolúveis.
Nunca sei quando serão:
Não avisam sua chegada.
Certos deslizes são sementes de prazer:
Convidam um sorriso
A dançar no canto da boca
E atiçam as borboletas
Que brincam dentro do estômago.
O frio na barriga,
Ao sentir o chão escorregadio,
É o que me faz realizar:
Estou desperta.
Percebo-me.
Sou dona de mim.