domingo, 27 de novembro de 2011

Encontro



Em certo momento,
Um exato lugar,
As estrelas conspiram,
Duas respirações se afagam...
Tudo para:
O mundo pode esperar.
Aquele instante é exato
É encontro marcado
Sem ser agendado.
Sagrado.
Cada pedra e cada tropeço,
Cada momento infinito de espera
Culmina naquele instante
Que seria outro,
Não fossem todos os percalços,
Não fosse cada atraso,
Cada segundo que a vida nos fez esperar.
Em qualquer momento,
Qualquer lugar,
Em um tempo incerto
Que ninguém sabe sincronizar,
Dois passos coincidem,
Convergem.
Há uma troca tácita,
Uma conexão implícita,
Um encontro de dois.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Carpe diem


O manhoso
Amanhã
É como uma carícia
Do amante que não se sabe se é.
Nunca sabemos se virá,
Não avisa se vem.
Não marca encontro
Ou deixa rastros...
Só a vontade
De chegar.
Não há atalho
Para esse lugar.
Como ondas, os ontens
Vieram, e se foram.
Aqui, não estão mais.
Como alcançá-los?
Não há mais.
São muitos, diversos
Como as antigas paixões.
Um dia, aqui estiveram.
Foram presentes com laços
De momentos presentes
Em um passado distante.
Em um passado recente.
No passado.
Se foram.
Só o hoje me possui.
Sou filha do presente.
Vivo para sentir,
Sinto para viver.
Arrisco viver o momento:
Não vivê-lo é um risco ainda maior.
Sou títere do momento no qual estou.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Camaleoa



Se meu ritmo
Amedronta,
Recue,
Afaste-se:
Siga os passos
De outra dança.
Ou acompanhe
E vai perceber
Que o ritmo que assusta
Pode embalar
Seus desejos,
Trilhar os caminhos,
Podar o medo.
No entanto, não se molde
Ao ritmo primeiro embalado:
Meus ritmos são muitos.
São tantos,
Capazes de deixá-lo tonto;
Uma vertigem mansa,
Uma nuvem confusa
Que, misturada a essa dança,
Embriaga-lhe de mim.