sábado, 9 de junho de 2012

Incerto



O certo não é normal,
Não é humano,
É imoral.
De perto, o certo
É tudo o que não se quer.
Quando se apagam as luzes
E se apagam as dúvidas,
A verdade absoluta
Torna a realidade
Insuportavelmente real.
A certeza é efêmera:
É momento,
Não é estática,
Vai e vem.
Às vezes assusta,
E até revela a culpa
Do mais inocente qualquer.
Só o incerto é constante,
Nos rodeia,
Nos abraça,
Aconchega
E oferece uma chance
À realidade projetada,
A um futuro
Que talvez jamais chegue,
A um presente
Que não merecemos.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Inestimável



Não quero 
Que me olhe,
Que ore
Para que eu chegue bem.
Nem que me trate
Como se eu fosse divina,
Mercadoria fina:
Cara, rara,
Feita em série,
Substituível.
Quero que me ame,
Que me adore
Sem compasso,
Com pressa,
Sem demora.
Quero que se apaixone
Por cada sinal 
Que em meu corpo mora,
Pelo cheiro 
Que dos meus cabelos evapora,
Pelo formato das minhas mãos.
Quero que me veja
Como se minha beleza
Fosse inalcançável,
Como se minha presença
Fosse insubstituível,
Essencial,
Inestimável.
Não quero que me olhe,
Nem que ore
Para que um milagre aconteça,
O passado desapareça
E eu possa ficar.
Quero que chore,
Caia sobre os seus,
Sobre os meus pés
E me implore para eu ficar.
Mas o que eu quero,
Você não pode me dar.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Simples



Adoro você
Me adorando,
Passeando
Em meus pensamentos.
Adoro seu rosto
Memorizado,
Melhorado,
Detalhadamente
Desenhado
Em minha memória.
E quando sua boca
Não encosta na minha:
Adoro o “quase”,
Quando sei que será.
É seu melhor ângulo.
Adoro cada passo,
Cada “faço”,
Cada esforço,
Ou cada riso fácil,
Se forem pra mim.
Adoro abraçar o momento,
Se os braços e os laços
Que me atam a esse instante
Forem meus e seus.