quinta-feira, 7 de junho de 2012

Inestimável



Não quero 
Que me olhe,
Que ore
Para que eu chegue bem.
Nem que me trate
Como se eu fosse divina,
Mercadoria fina:
Cara, rara,
Feita em série,
Substituível.
Quero que me ame,
Que me adore
Sem compasso,
Com pressa,
Sem demora.
Quero que se apaixone
Por cada sinal 
Que em meu corpo mora,
Pelo cheiro 
Que dos meus cabelos evapora,
Pelo formato das minhas mãos.
Quero que me veja
Como se minha beleza
Fosse inalcançável,
Como se minha presença
Fosse insubstituível,
Essencial,
Inestimável.
Não quero que me olhe,
Nem que ore
Para que um milagre aconteça,
O passado desapareça
E eu possa ficar.
Quero que chore,
Caia sobre os seus,
Sobre os meus pés
E me implore para eu ficar.
Mas o que eu quero,
Você não pode me dar.

Um comentário:

Anderson Santana disse...

Egocentrismo aflorado. Afinal, todos precisamos de um pouco dele... belo texto, parabéns.