A fome é tamanha,
O desejo: sem fim.
Essa vontade sem medida,
É gula,
Vaidade,
Luxúria.
Busca aflita.
Causa ansiedade,
Descontentamento,
Alienação.
Os instantes passam,
Como se nunca tivessem sido.
Os ligeiros prazeres,
Como se não fossem.
A vida passa.
E, dentro dela,
Também passam
Respingos de prazer.
Desdenhados,
Por não serem oceanos.
Tão pequenos,
Passageiros,
Corriqueiros,
E até banais.
São discretos,
Quietos,
Leves toques,
Que podem
Ser muito mais.
Detalhes que rasgam
A rotina da vida,
Arrancam um sorriso
E entrecortam o momento,
Não nos arrancam suspiros,
Nem rasgam nossas roupas.
Não nos tiram para dançar
Em meio à multidão.
Entretanto, agora mesmo,
E quando não esperamos,
Nos acariciam,
Esses dedos do acaso,
Sem nenhuma expectativa,
Sem pedir nada em troca,
Sem nenhuma pretensão.
Deixa essas mãos te tocarem,
Esses respingos te molharem.
Permita-se banhar.
2 comentários:
Interessante seu texto. É rico em imagens e belas metáforas. Quem estiver nesse "baile", poderá ler com olhos mais aguçados...
Já estávamos com saudades da poética de Natássia. Bom que ela retornou para mais um mergulho no ser e não-ser, querer e não-querer... mas ela é que faz a poesia... Dez para Tati!
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