sábado, 21 de janeiro de 2012

Respingos



A fome é tamanha,
O desejo: sem fim.
Essa vontade sem medida,
É gula,
Vaidade,
Luxúria.
Busca aflita.
Causa ansiedade,
Descontentamento,
Alienação.
Os instantes passam,
Como se nunca tivessem sido.
Os ligeiros prazeres,
Como se não fossem.
A vida passa.
E, dentro dela,
Também passam
Respingos de prazer.
Desdenhados,
Por não serem oceanos.
Tão pequenos,
Passageiros,
Corriqueiros,
E até banais.
São discretos,
Quietos,
Leves toques,
Que podem
Ser muito mais.
Detalhes que rasgam
A rotina da vida,
Arrancam um sorriso
E entrecortam o momento,
Não nos arrancam suspiros,
Nem rasgam nossas roupas.
Não nos tiram para dançar
Em meio à multidão.
Entretanto, agora mesmo,
E quando não esperamos,
Nos acariciam,
Esses dedos do acaso,
Sem nenhuma expectativa,
Sem pedir nada em troca,
Sem nenhuma pretensão.
Deixa essas mãos te tocarem,
Esses respingos te molharem.
Permita-se banhar.

2 comentários:

Anônimo disse...

Interessante seu texto. É rico em imagens e belas metáforas. Quem estiver nesse "baile", poderá ler com olhos mais aguçados...

Anônimo disse...

Já estávamos com saudades da poética de Natássia. Bom que ela retornou para mais um mergulho no ser e não-ser, querer e não-querer... mas ela é que faz a poesia... Dez para Tati!