terça-feira, 28 de junho de 2011

Aceita


Desembrulha,
Desenlaça a fita,
Arranca o papel,
Abre a caixa.
É seu.
Também é meu,
Sou eu.
Agora é seu.
Não peça pra trocar.
Não tente mudar as cores,
Tirar as peças de lugar.
Apenas queira.
Com um olhar alheio,
Aceita.
Ou deixa ser só meu,
Esse tanto que é estranho até para mim.
Contudo, caso queira mesmo assim,
Com os arranhões e desgaste do tempo,
Caso aceite como é,
Não precisa embalar o seu.
Caso aceite da forma que foi revelado,
Entregue o que tem sem laços ou fitas
Não coloque em uma caixa bonita.
Não embale e não mascare.
Aceite o que sou,
E quererei todas partes de você.

5 comentários:

Dai disse...

Um presente lindo assim??? Só devolve quem não merece. Rsrs

Clara disse...

Perfeito!

Clara

Olivia Ribas disse...

Adorei esse texto, Naty. Muito sucesso para ti. bjs

Ingrid disse...

Creio que amar deva ser assim: aceitar o outro como presente, recebê-lo como algo inédito, não se detendo nos "arranhões" e "imperfeições". Lindo, lindo vc dizer: me receba como sou, eu te recebo como és. Amar deve ser por aí: olhar pra quem se ama e enxergar beleza naquilo que muitos julgam danificado. Seu lindo texto nos faz mais uma vez pensar... :)

Anônimo disse...

É Tica, a gente só tem mesmo que tornar real na prática,isso: aceitar o outro com suas "irregularidades", com suas ausências, com seus agravos, com os machucados,com o que não trouxe e que tanto gostaríamos que tivesse trazido, para nós... na verdade nem nos damos conta de que somos tão exigentes!